quarta-feira, 11 de maio de 2011

Carla Bruni e eu


            A primeira vez que fiz ballayage foi lá nos anos 90. Eu estava na faculdade (e lá se vão 15 bem vividos anos!) e queria um tom parecido com o de quem vai a praia e (olha só!) fica com os cabelos queimados de sol! Passados alguns anos, um cabeleireiro mais esperto chamou este efeito de “mechas californianas”!

            Essas coisas que envolvem uma certeza absoluta me deixam completamente insegura!! Escolhi o tom que queria, e a tinturista me perguntou “Você tem certeza que é este mesmo?”. Falando assim, eu fiquei confusa!  Eu já nem sabia mais se queria fazer. O efeito que eu desejava era tão mínimo que ela me sugeriu, com muita paciência, que eu não deveria fazer NADA.

            Mas eu fiz. E gostei! Uma vez fiquei quase loira. Na verdade este era o desejo do Carlos, um tinturista que eu amava. Hoje o danado mora em Madri. Ele falava assim: “Pri, um dia você vai ser loira”. Eu ria e achava a maior graça! Até que... bem um dia eu estava de férias em Nova York, e combinei de almoçar com uma amiga que morava lá.  Já do outro lado da rua, ela bateu os olhos em mim e falou: “Pri você está loira”! Outro dia achei as fotos desta viagem. Carlos me enganou durante todo este tempo. Amigas, se eu não estava loira, posso dizer que já estava com a ” senha nas mãos” para ser uma.

            Até então, eu pintava o cabelo por VAIDADE e não por NECESSIDADE. A coisa começou a mudar de uns meses para cá. Eles surgem em bando, como insetos. São grossos, ruins e rebeldes. Eu estava cheia de fios de cabelos brancos. Mas achava que ninguém estava reparando. Só eu! Um dia, caí na besteira de vir trabalhar com o cabelo preso. Meu marido falou que ficou ótimo.

           Eu estava toda feliz. Até que, um colega que trabalha do outro lado da minha baia falou assim “Pri, o que é isso no seu cabelo?”. Fiquei assustada e pensei, será que é um inseto? Mas mantive a calma e perguntei “Isso o quê?” Ele não teve pena. “Esse fio de cabelo. É loiro ou branco”? Eu torcia para ser um resquício da era Carlos. Mas não era. Era um fio de cabelo branco como a neve, reluzindo entre os outros.

          Tive que pensar, ou melhor, arrancar, rápido. Falei que iria tomar um copo d’água e liguei para a Zoé, minha tinturista. Fui bem didática, até porque ela é francesa e tive medo que não compreendesse a minha necessidade. “Zoé, você precisa ACABAR com os brancos”.  Sábado, ela foi lá em casa.  Preferiu não pintá-los todo de uma vez. Ficou a cata de um a um. Desta vez, eu resolvi que queria o mesmo tom da Carla Bruni.

            Mas Zoé nasceu em Paris, né gente? E sabe TUDO sobre Carla Bruni. Ao final dos trabalhos, eu fiquei feliz de saber que a única coisa que tinha em comum com Madame Sarkozy era o tom do cabelo. Se bem que...aquele corpinho e aquela coleção de bolsas dela, vou lhe falar,  também não me deixariam triste!



           


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